terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Omar

Da tradicional árvore de feiticeiros capazes de verter as águas mais profundas da terra

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Os diários de escrita #1

“The flower that blooms in adversity is the rarest and most beautiful of all”

Eu reflito sobre minha vida muitas vezes olhando por onde eu estive nos últimos anos. É como desenrolar uma fita de negativos mentalmente e ir parando pra observar um frame ou outro. `Aqui eu numa classe de ensino médio`, eu aponto, `aqui na casa dos meus pais num sabado de manhã`, desenrolo mais um pouco e alguns bons negativos a frente um novo frame, `eu na casa de pessoas desconhecidas de uma cultura diferente e aqui numa faculdade estrangeira`, mais a frente `eu em terras de hobbit molhadas depois de um temporal` e finalmente alguns outros lugares não tão felizes, como um colchão na sala de um amigo ou uma maca de hospital. Acho interessante que em cada um desses lugares meu pensamento e comportamento foi único e gosto de pensar que cada Helder de um desses momentos foi um `eu` particular que existiu e se extinguiu.
          Estou vivendo em um lugar tão especial quanto esses que citei, mas não necessariamente numa posição melhor ou mais feliz, como na terra dos hobbits. Talvez num lugar menos cinematográfico, mais adverso e provocador, na verdade. Garantias que eu tinha mudaram, algumas seguridades expiraram e meus planos profissionais foram engavetados. Esse lugar, ao qual eu perteço no universo nesse momento, é exatamente o que eu preciso pra fazer algo que eu sempre quis: contar uma história.
          Eu estou escrevendo uma historia sobre propósito, identidade e conflito. Eu meio que dei varias voltas, escrevi pedaços aqui e acolá em 2016 e 2017, mas agora oficialmente eu estou escrevendo. É uma narrativa em primeira pessoa do Otto, viajante que desce as planícies do reino em busca de conhecer os lugares que o pai desejava ter conhecido. Os escritos do personagem se misturam com a arte dele e o resultado disso é uma espécie de narrativa ilustrada, onde o desenho serve tanto como complemento como muitas vezes conta por si a história. O objetivo é que o Otto registre - graficamente e por escrito - diversas culturas, desde a musica até a dança, passando pela forma de se vestir das pessoas e pela mitologia de cada lugar.
          Existe ainda a história do próprio Otto. O texto não tende a ser apenas descritivo, mas reflexivo também. Otto vai estar em diversas situações e cada um dos lugares, pessoas e eventos que ele encontra tendem a mudá-lo de alguma forma. Assim como eu, ele também vai ter bons e maus momentos e vai ser uma personagem nova que nasce e se extingue ao longo da história.
***
        Criar culturas, historias e personalidades está me permitindo pesquisar e usar muita, muita informação a ponto de ser exaustivo. Escrever em si é um processo muito avassalador e inquietante e às vezes eu quero parar e me expressar além de um tweet ou de uma conversa rápida com alguem. Então vou usar o espaço no meu blog pra registrar meus pensamentos, achados, inquietações e planos durante a escrita do livro. Os diários de escrita vão ser textos longos, às vezes sem muito propósito a não ser a reflexão. Estou embarcando nessa de registrar essas coisas, porque sinto que vou gostar de ter esses textos como amostras da minha evolução com as palavras. Ao mesmo tempo, gosto de reclamar e pensar demais sobre as coisas. - Helder